SORRATEIRA

Naquela súbita crise

De dispnéia,

Com os olhos bem abertos

E uma galopante taquicardia,

Ela me fita e sussurra:

- Vejo a morte Doutor!

Desconfiado que sou,

Perguntei-lhe: qual a sua cor?

Quando chegar a minha hora

Como vou reconhece-la?

- Ela não tem cor,

É sombria e veloz!

Tem sabor ou cheiro?

- Não, Doutor!

Só um vento frio

E um aperto no peito.

E agora?

O que é que eu faço?

Como saber?

Se a ausência do amor

Gelou meu leito

E o meu coração arde

Pela saudade do seu jeito?