A Perfeição do Mundo.
Veja o mundo
Pelo vidro da janela
Recebendo a luz distante
No instante em que a luz se move
Tudo em seu lugar, tudo perfeito
No jeito que a chuva chove
Há infernos pra todos os Céus
E desertos pra tantos ventos
Milhões de lamentos futuros
Pra tantos obscuros fingimentos
Tudo no lugar, puro e perfeito
De objeto a manifestar
A cura pros teus defeitos
E passam-se os anos
Abraços distantes
Olhares despercebidos
Tão perto e jamais se cruzam
Lágrimas fogem dos olhos
Fazendo a vez da alegria
A noite a engolir o dia
No Céu a Lua
Míngua transbordantemente
E é quando a gente percebe
Que nada
Exatamente nada
Necessita ser assim
Tão gritante ou eloquente
Quanto raios de Sol
Ou malhos do martelo
Desde que a gente aprenda
Que poder ser
Que lá na frente se arrependa
Por não ter compreendido
A beleza do poema simples e singelo
Está tudo no lugar, mundo perfeito
Pois
Está tudo
Exatamente onde devia estar
Antes que a gente
Se proponha a fazer melhor
Perceba
Desde a enorme cegueira
Causada pela luz do Sol
Até a imensidão no ruído
Aprenda a enxergar tudo isso
E a vida
Surpreendentemente
Passa a fazer sentido.
Edson Ricardo Paiva.