ONDE ESTARÍAMOS NÓS
Onde estaríamos nós,
Se não fossemos apresentados aos devaneios,
Ou nunca tivéssemos andado a esmo,
Se as desventuras não fossem como espeto de ferro perfurando a carne,
Ou as angustias não tivessem se apresentado feito um mar que nos afogou.
Onde estaríamos nós,
Se a confiança não fosse estilhaçada como taça caída ao chão,
E seus vidros transparentes não tivessem perfurado os pés descalços e cansados,
Se não tivéssemos nos equivocado ao realizar escolhas,
Como quem se veste no escuro sem ser capaz de distinguir o preto e o branco.
Onde estaríamos nós,
Se não tivéssemos suportados as noites frias,
E as lembranças não se fizessem como nós descendo à garganta,
Se o ar não nos tivesse faltado quando tudo era apenas solidão,
E não tivéssemos nos rasgados em nossas desilusões.
Talvez não teríamos visto a flor nascer entre os ventos da primavera,
E não teríamos conhecido o melhor de nós ao cavar as maiores feridas,
Talvez não conseguiríamos contemplar as cores que se escondem em dias cinzas,
Quem sabe falássemos só por falar, distante das coisas do amor,
Quem sabe você ainda estaria lá e eu não estaria aqui.
Onde estaríamos nós...
Existiríamos em dois mundos diferentes,
Nos vendavais de nossas mentes,
Mas por não nos envenenar naqueles amargores,
Chegamos até aqui.
Um dia abaixo desse sol,
Nos sentimos abandonados enrolados em lençol, na cama fria e solitária,
Como réu condenado sem direito a defesa,
Mas onde estaríamos nós se fossemos protegidos de tudo isso?
Eu não sei, mas o importante é que minhas dores foram a ponte até você.
Onde estaríamos nós,
O universo fez uma linha no escuro e nós seguimos,
Onde estaremos nós,
Continuaremos nessa linha onde o amanhã se revela a cada dia,
Plantei o amor, reguei com lágrimas e colhi seus beijos em meu caminho.