SEXTA-FEIRA SEM SOL

O sol amanhecera nulo aquela sexta-feira.

E a chuva, que caía no batente da sacada, denunciava,

como a um presságio,

que só me restava um único sachê

do chá de todas as manhãs frias.

E caminhar tornar-se-ia díficil,

vislumbrar o rosto vivo das pessoas mais ainda,

que o enfiavam sob as hastes dos guardas-chuvas negros.

Que bela conversa pode se iniciar numa sexta-feira sem sol?

Quem vai ao calçadão da praia às sextas-feiras de garoas?

A vida, entretanto, não pára,

mas a vontade de ficar em casa,

de ler um livro, de estudar metafísica

e escrever poesia

consumia-me naquela sexta-feira sem sol.

E que outras vésperas de fim de semana de maio

possam vir

(rapidamente),

a fim de que a vida seja feita

de momentos nunca cíclicos,

supreendentes, todavia.

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LC PEREIRA
Enviado por LC PEREIRA em 19/05/2017
Reeditado em 19/06/2017
Código do texto: T6003622
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