DESTEMOR
Não temo a morte.
Só temo o tempo
quebrando a ampulheta da minha sorte,
um caco cá, outro acolá,
tantos fragmentos,
como ajuntar?
Não temo o tempo.
Só temo a morte do meu invento,
um blecaute no sistema, por dentro,
renegar os passos que virão,
viver dos passos passados,
um pé em cada chão...
Não temo o tempo da morte.
Nem temo a sorte
que temos
antes do trem partir,
procurar nos bolsos o bilhete,
e, silente, seguir...