Casa grande e senzala e a caverna de Platão.

A descrição da história de um povo sofrido, escravo.

Reflexo de uma elite preconceituosa.

O cheiro forte do suor, gente tratada como bicho.

A trajetória dos excluídos.

Engenho de cana, olhares tristemente perdidos.

Entretanto, no fundo de uma caverna.

Conseguiram ver a luz no infinito.

A essência não é naturalmente o inferno.

Seria tão somente uma intuição.

Todavia, com aquele cheiro forte.

A pele queimando o sangre.

O doce mel.

Ouro do outro lado do mar.

Chamego sapeca dos senhoras fulanas.

Criaturas sem fim.

Mundo indescritível.

Meninos da senzala.

Levanta a voz cai no chicote, ainda hoje.

Terrível contradição.

Reflexo, refluxo, no futuro.

De um mundo proletário.

Tal cruel à burguesia.

Sinhozinhos contemporâneos.

Quando se expõe.

Tem a imagem destruída.

O crime premeditado.

Entretanto, a luz de Platão.

A caverna eterna tem em seu centro um foco.

Lambada para todos os lados.

Couro cortado, mundo ingrato.

Dor puxada.

Silêncio curtido.

A história repetindo interminavelmente.

Brasis abundados.

São todos os sinais da maldade.

O que importa a perspectiva da raça.

A mais absoluta desgraça.

A evolução da célula mater.

O mesmo DNA.

O que ensinou o louco Gobineau.

Mestiço malvado, inferior ao gado.

Qual o mal disso, são diversas evoluções.

Quer no presente uma revolução.

Não vieram a essa terra com tal proposição.

Desse modo pensava a senzala.

Inútil ler a caverna.

Interpretar Platão.

É inadmissível entender o sol.

A luz do mundo o chicote.

Então os excluídos são malhados, condenados.

Como se fossem novos Judas na história de Cristo.

Edjar Dias de Vasconcelos

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 15/05/2017
Reeditado em 15/05/2017
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