SOU NEGRO
Sou da cor da noite sem estrelas!
Negro carregado de palavras que não se escrevem,
meu caderno é o ar que respiro
e nele escrevo minhas palavras soltas e invisíveis...
Levo minha história marcada no tempo
gastando minhas solas na terra que me viu nascer.
Sou negro
pálido na falta do mel
que meu patrão arrancou da minha colmeia
e lançou ao mercado desconhecido.
Tirou de mim o poder de ter o que me pertencia.
Me fez trabalhador sem tempo em minha casa,
tirou-me das minhas tradições
e me tentou ensinar o que ele sabia.
Sou negro partido de falhas do meu patrão,
mas hoje sou negro que não o sou...
sou branco quando quero
mas nasci, fui, sou e serei negro.