Escravo Moderno

Passando madrugadas com a luz ligada

O sono atormentando enquanto soa um respiro

Com as pupilas cor de vinho

Um descanso foi emitido, mas fora esquecido

Buscando terminar logo com o trabalho infinito

O Sol, que antes tinha ido dormir, agora já era bem-vindo

O cacarejo do velho galo já pode ser ouvido

O céu observa, com os olhos fixos, aquele indivíduo,

Que não para nem por um segundo de alívio

Um escravo do novo mundo, do novo tempo

Não existe se quer um momento de passatempo

Vive apenas para transformar seus pensamentos em algo produtivo

Mas, ao passar dos anos, será destruído

Por viver naquele tipo de presídio invisível,

Onde cada gesto é repetitivo.

Com a vista serrilhada,

Com os bocejos que marcam as horas passadas,

Ele continua trabalhando, sem tempo para mais nada

Como uma engrenagem que não cessa na mente,

Mesmo durante a madrugada ela trabalha,

Nos gerando ideias engraçadas

Pobre do sujeito que se sustenta em pé de mal jeito,

Que não mais se aguenta, que está com defeito.

Levantando a cada hora só para se esticar

Observando a saúde, que continua a se distanciar

Outrora, ele notará que,

Preso em uma cama, por indefinidas semanas, ele permanecerá.

Seus pensamentos acabam por se tornarem centelhas

Possuindo apenas o fim da vida como uma certeza

Não sentindo conforto em uma bela ceia,

Tudo que enxerga é mais problema,

Correndo contra o tempo, aquele que o condena

Jamais esquecendo de usar suas algemas

A parti daí, a vida já não é mais plena

E assim, ele se auto-condena,

A uma vida com apenas um único dilema

"Assistir o tempo passar, sem nada mais para se importar".

Já não lembra mais o cheiro da rosa,

Não se recorda mais das noites luminosas

Exterminou as folgas, para render mais

Pensa agora que, ser pai é uma péssima proposta

E sua alienação, e escravidão, tomam forma

O indivíduo renegou a sua liberdade,

E não deseja mais aproveitar o lado de fora,

Pois o mundo o apavora, o sufoca.