Homenagem ao filósofo Górgias de Leontini.

Grécia 487-380 a.C.

Diz a lenda um gênio do mundo helênico.

Estudioso, grande pensador.

Exuberante filósofo.

Defendia a tese formulada.

Nada tem existência.

Nem mesmo o mundo é real.

A realidade é a expressão da mais profunda alienação.

Somos a inexistência.

Mesmo se o mundo existisse.

Suponhamos que tal proposição fosse verdadeira.

O mundo seria incomunicável.

Incompreensível.

Com efeito, existir significa não existir.

Nada poderá ser dito.

Se for falado não será entendido.

O conhecimento não é possível.

A cognição a projeção de ideologias.

O que é o mundo.

O que são os homens.

Axiologicamente, não existem definições.

Entretanto, invenções ideológicas.

Porém, mesmo se as coisas fossem conhecidas.

Elas não podem ser reveladas.

Todavia, se forem colocadas.

Não podem ser comunicadas.

O mundo é em sua essência a mais absoluta escuridão.

O olhar não desperta a sombra protetora da ignorância.

A sabedoria é o desejo de propositar à vontade.

A verdadeira alienação da alma.

Górgias certa manhã estava sentado em um bueiro.

Objetivava tomar a brisa do sol.

Repentinamente aproximou o rei com seu exército.

Ao ver o filósofo pairou em contemplação.

Vislumbrado manifestou sua alegria.

Por estar diante da sabedoria.

O rei disse a Górgias.

Daria tudo para ser a vossa pessoa.

Em homenagem a sua sapiência.

Górgias faça o vosso pedido.

Mesmo que seja a metade do meu reino.

O filósofo silenciosamente.

Majestade o meu pedido é muito simples.

Peço que saia de minha frente, pois quero receber a luz do sol.

Preciso sentir a energia do universo.

Embaraçado o rei respondeu daria tudo para ter vossa sabedoria.

Respondeu o filósofo.

Ser sábio é entender não sábio.

Um rei não pode obter a sabedoria, pois está investido pelo poder.

Sabedoria é sabedoria, poder é poder.

Serás eternamente ignorante.

Edjar Dias de Vasconcelos.