Simplesmente por ser preta

Fomos apagadas

Negadas, renegadas

Subjugadas, difamadas

Arrasadas e humilhadas

Simplesmente por ser pretas

Simplesmente por ser pretas

Mas nossas “tetas” negras

Deram de mamar ao nosso algoz

Para, mais tarde, seu chicote desmemoriado

Calar a nossa voz

Simplesmente por ser pretas

Simplesmente por ser pretas

Não jorra de nós o mesmo sangue?

Não dói em nós a mesma dor?

Mas, simplesmente por ser pretas,

Não merecemos clemência

Não, senhor

Ser preto é desgraça humana

Cor mundana, sem valor

Nossa carne é tão barata

Fraca, “um defeito de cor”.

Minha garganta está seca

Esse simplesmente por ser preta

Nunca me passou...

Essa pele que me veste, senhores

Tem histórias tantas

Cargas de magias e cantos

Jêjes, Nagôs, Bantos

Negra reluzente

Preta é a cor da noite linda

Essa pele que me reveste ainda

Tem a força da raiz e ancestralidade

Preta? Preta sim, sou!

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 30/04/2017
Reeditado em 15/04/2021
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