Simplesmente por ser preta
Fomos apagadas
Negadas, renegadas
Subjugadas, difamadas
Arrasadas e humilhadas
Simplesmente por ser pretas
Simplesmente por ser pretas
Mas nossas “tetas” negras
Deram de mamar ao nosso algoz
Para, mais tarde, seu chicote desmemoriado
Calar a nossa voz
Simplesmente por ser pretas
Simplesmente por ser pretas
Não jorra de nós o mesmo sangue?
Não dói em nós a mesma dor?
Mas, simplesmente por ser pretas,
Não merecemos clemência
Não, senhor
Ser preto é desgraça humana
Cor mundana, sem valor
Nossa carne é tão barata
Fraca, “um defeito de cor”.
Minha garganta está seca
Esse simplesmente por ser preta
Nunca me passou...
Essa pele que me veste, senhores
Tem histórias tantas
Cargas de magias e cantos
Jêjes, Nagôs, Bantos
Negra reluzente
Preta é a cor da noite linda
Essa pele que me reveste ainda
Tem a força da raiz e ancestralidade
Preta? Preta sim, sou!