Mundo frio
Meu rosto, uma máscara
Detalhada e perfeita,
Feita para esconder
A dor que me rasga por dentro,
A marcas da mutilação
Feita na minh'alma.
Meu coração apodrecido e capenga
Caindo aos pedaços
Como as partes de alguém morto.
Meu corpo, desejo!
Um objeto para a diversão de todos
Que, com desprezo por meus sentimentos,
Abusam da minha disposição
Em tentar me apaixonar.
Amaldiçoado com o amor,
Filho de Afrodite, a bela,
Mãe do prazer e da felicidade.
Maltrata-me, pois nasci
Em um lugar onde o amor morre
Com os últimos suspiros entregues
Nos braços de minha assassina, a esperança.
Sem saber por quanto tempo eu aguento,
O caminho não existe
Eu caminho a esmo, perdido
Nas cores de um amor inventado,
Meu arco-íris de decepções,
Meu leque de vergonhas,
Meu cardápio de humilhações.
E eu me pergunto:
Vale o amor tudo isso?
Ou mereço ser para o mundo
Nada mais do que algo insignificante?
Quando qualquer coisa parece uma opção melhor do que eu
E eu engulo toda a dor, pra fingir
Que nada me atinge.
Nada me atinge, pois
Já estou em pedaços,
Cacos espalhados ao vento
Incapaz de me juntar
Incapaz de lutar.
O mundo é frio e grande demais.
As pessoas estão mais mortas do que eu.
Um cemitério global e cósmico
De almas perdidas e iludidas.
Um mundo de coisas belas que ninguém aproveita.
Um mundo que já se cansou de nós.