DIANTE DOS FATOS
Você põe o arroz o feijão o ovo o bife
empunha o garfo em riste
se prepara
e escura o barulho da bomba narcótica rara
que explode além do seu quintal
dos jardins
bem no meio
do fim
da vida avara...
Você põe a música e a convida para dançar
espalha perfume no ar
rodopia
quase em vias
de gozo
escuta o fragoroso
estrondo da bomba
no playground dos insensatos
não adianta correr para o mato
nem se proteger num bunker
o fato
é que a bomba acabou de gargalhar
abriu os braços e infectou o ar
adeus
aos seus
aos meus
a quem iria chegar...
Você reza você pede chora implora
ao anjo da hora
mas ninguém te dá ouvidos
nem explicações
seu pedido
ao garçom de Deus
não serve aos seus
se encolhe debaixo da mesa
bebe a última cerveja
fecha os olhos
mãos nos ouvidos
enfim
o fim do sentido
chegou
o que importa se nem amar você amou
diante da bomba que estourou?