O passamento de um desejo perdido em vossos escombros.
Tudo passa.
Até o tempo passa.
Os belos sinais do entardecer.
A intensidade da noite.
Tudo passa.
Entretanto, não passa a continuidade.
O tempo duradouro da ingenuidade.
Tudo passa.
As belas pastagens.
Rios e lagos.
Os pássaros voando.
A intuição dos sonhos.
Os dias ensolarados.
Até as nuvens fazendo sombras.
O que não passa mesmo a estupidez da vossa racionalidade.
Tudo passa.
O caminhar pelos trilhos ao meio da floresta.
Passam o caçador e o plantador de milho.
Passam as árvores brotando flores.
Até mesmo o cavalo relinchando sozinho.
Entretanto, não passa a ignorância humana.
Tudo passa.
O silêncio intensificando um imenso deserto.
Passa a chuva fabricando a lama.
Passa o olheiro do alto da montanha.
Passa a reza.
Até os deuses também passam.
Todavia, não passa a eternidade da ausência do saber.
Entretanto, aquele que não sabe passa.
Porém, a continuidade permanece.
Como reprodução interminável da vossa excelência.
Edjar Dias de Vasconcelos.