O passamento de um desejo perdido em vossos escombros.

Tudo passa.

Até o tempo passa.

Os belos sinais do entardecer.

A intensidade da noite.

Tudo passa.

Entretanto, não passa a continuidade.

O tempo duradouro da ingenuidade.

Tudo passa.

As belas pastagens.

Rios e lagos.

Os pássaros voando.

A intuição dos sonhos.

Os dias ensolarados.

Até as nuvens fazendo sombras.

O que não passa mesmo a estupidez da vossa racionalidade.

Tudo passa.

O caminhar pelos trilhos ao meio da floresta.

Passam o caçador e o plantador de milho.

Passam as árvores brotando flores.

Até mesmo o cavalo relinchando sozinho.

Entretanto, não passa a ignorância humana.

Tudo passa.

O silêncio intensificando um imenso deserto.

Passa a chuva fabricando a lama.

Passa o olheiro do alto da montanha.

Passa a reza.

Até os deuses também passam.

Todavia, não passa a eternidade da ausência do saber.

Entretanto, aquele que não sabe passa.

Porém, a continuidade permanece.

Como reprodução interminável da vossa excelência.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 21/04/2017
Reeditado em 21/04/2017
Código do texto: T5977438
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