A outra face da Arte
No som de um violão refinado,
alguém percebe os toques
dos dedos calejados?
Quem sente, nas notas tristes,
o nó górdio que na garganta
da cantante persiste?
Os pés feridos da bailarina
dançando levemente nas pontas,
alguém alucina?
As marcas das bolhas estouradas
exibidas nas mãos do escultor,
por quem são admiradas?
Os ombros e braços doridos
o pintor, em cada obra,
são, ao menos, percebidos?
E a alma líquida do poeta
derramada verso após verso,
quem afeta?