AMANHÃ
Põe dentro da garrafa teu poema.
Atira-o no palco,
na cena dantesca desta vida cheia de vozes ocultas,
que saem do proscênio,
pouco escutam
as falas dos atores seminus,
uns que fingem ser o lixão,
outros os urubus...
Tua digital, informalmente ou não,
está espalhada pelos bules,
no corrimão
do shopping,
oscule sem entregar ninguém,
a solidão deriva do desdém...
Põe dentro da vida tua morte.
Compre o bilhete da sorte,
compartilhe com tua consorte,
evite o azar de querer
mais do que podes viver...
Amanhã,
quando ouvires a cã
te dizer velhices,
na ria,
espreguice.