O VALOR DE...
Não esquerda uma nota de cem,
na direita, um poema que tem
aroma de flores silvestres,
na esquerda a cegueira que vem
do querer comprar e vender,
na direita palavras que cavam sorrisos
onde a tristeza plantou saudade,
na esquerda o silêncio das mercadorias,
na direita a poesia que transborda alegria,
na esquerda a muleta para estar entre objetos,
na direita a escrita que supera obstáculos
que saem dos mapas dos altos prédios,
na esquerda o dedo que aperta o gatilho,
na direita a colheita do milho, sem tédio...
De que vale a despensa cheia e o coração vazio,
de que vale a coberta cara se não vai embora o frio?
De que vale as pedras amontoadas no cofre
se onde devia haver ouro há só o pobre cobre?
De que vale as medalhas e as premiadas estatuetas
se no último passeio nada levará,
o caixão não tem gaveta?