MESMO SEM FALAR ME DIZ TUDO
Continuo, defendendo minhas escolhas,
Trocando passos lentos pela rua,
Lembrando de seus “não” que um dia tive,
Que me acertaram feito soco no estomago.
Eram tardes em que chorava tolamente,
Destruindo os castelos de areia,
Que com minhas mãos um dia construí,
Eram revoltas de uma vida explodidas no mesmo instante.
Você julgou ser rei das suas escolhas,
Brincou com a coroa que te dei,
Riu de mim como se eu fosse o palhaço da sua corte,
Mas hoje em suas festas eu não estou mais presente.
E seu reinado, prostituta imoral,
Mentiras adormeciam nesta cama,
Enquanto eu corria em outra direção,
Segurando em minhas mãos o que sobrou do coração.
E de longe ouvi falar dos seus troféus, ou daquilo que você acreditava ser,
Em seu ego você estava mergulhado,
Enquanto eu recuperava a mim mesmo,
Longe de ti e das rasas palavras de sua boca.
Tranquei-me por um tempo em um quarto escuro,
Você comemorava suas falsas vitórias,
Enquanto não via sua cidade apagando a cada instante,
Enquanto eu me equilibrava nas sombras.
Em outubro, ele que parecia ver no escuro,
Foi guiando todos os meus passos,
E enquanto suas ruínas anunciavam,
Você não viu ele me encontrar.
O meu corpo não se veste mais das antigas vontades,
E você já não parece tão seguro,
Você falava sem dizer nada,
Mas ele mesmo sem falar me diz tudo.
E o velho rei apodreceu nas lembranças daquele castelo,
Enquanto eu seguia com o novo príncipe,
Que superou tudo o que eu já senti por ti um dia,
Que devolveu meu riso nas novas fotografias.