CATACLISMO

O vento sopra

bate portas

escancara janelas

põe as folhas

prá dançar

o céu escurece

desaba

o barulho é muito

esqueço as rezas

que aprendi

o dique rompe

a água invade

carrega tudo

lava e destrói

a um só tempo

nem é bom

nem é ruim

só a vida

insana

inquieta

revolvendo o terreno

o espaço seguro

(ou quase)

em que me instalei

depois, se a gente não morre

(porque às vezes morre)

é recomeçar

tirar a lama

enterrar os mortos

replantar

e devolver a seus lugares

o que o tempo desarrumou

ou não.

01/04/2017

Raquel DPires
Enviado por Raquel DPires em 01/04/2017
Reeditado em 02/10/2018
Código do texto: T5958700
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