CATACLISMO
O vento sopra
bate portas
escancara janelas
põe as folhas
prá dançar
o céu escurece
desaba
o barulho é muito
esqueço as rezas
que aprendi
o dique rompe
a água invade
carrega tudo
lava e destrói
a um só tempo
nem é bom
nem é ruim
só a vida
insana
inquieta
revolvendo o terreno
o espaço seguro
(ou quase)
em que me instalei
depois, se a gente não morre
(porque às vezes morre)
é recomeçar
tirar a lama
enterrar os mortos
replantar
e devolver a seus lugares
o que o tempo desarrumou
ou não.
01/04/2017