Ator
No teu negro olhar o brilho de constelações
E assim, vai ele, enganador;
Belo e luminoso, ladrão de corações.
Serpente em um jardim de cores líquidas
Rastejando em corpos, nas esquinas do prazer
Sussurrando segredos de muitas noites frígidas.
Entregue nas mãos da sorte, homem e Deus, um ator
Tua penumbra não revela a profundeza de tuas águas
Nem tua calma revela o poder de teu fulgor.
Tu’alma em retalhos, escondida
Sob a carne tão tenra e macia, tua bela prisão
A forçada confiança jaz partida
Teus pés desafiam o caminho, mas desejas o fim
Tua voz chora em palavras vazias de significado
Tua tristeza tem cheiro de alecrim.
Solto e vazio, sem amor e sozinho;
É errado, é desolador; sai de tua cova funda,
Caminha decidido e encontra meu caminho.
Há em ti um universo inteiro
Em teu sorriso ainda existe sinal de vida
Se ninguém percebeu, saiba, eu sou o primeiro.