Tempestade na Montanha

Tempestade na Montanha

Noite na montanha, tão escura, sem luar,

troam as tempestades lutando, relâmpagos

nascidos da desordem e da raiva incontida.

Na cabana gélida e obscura jazo, em insónia,

sem vontades de libertar sonos esquecidos

que me repousem, dando-me vida.

E o vento ruge feroz,

senhor do caos

gerado nas profundezas

uivando gritos de maldição.

Quem ousará, assim, sem temor,

enfrentar caminhos sem certezas,

tropeços fatais de perdição?

Eu sou a tempestade e os ventos,

o caos, o medo, a fatalidade,

meu ser é terramoto fatal.

Rasgo almas de ais e lamentos,

nego a plácida felicidade...

Sou demo, senhor de todo o mal!

Ide, Poetas! Esquecei líricos

de amores perenes, absurdos,

redentores dos sempre perdidos.

Calai-vos poetas dos empíricos

textos declamados para surdos.

Ela não vem! Por quê mais bramidos?

Sou cinza da lareira apagada,

choupana pobre, falha d' adornos,

árvore podre sem frutos ou flor.

Renego o nascer da madrugada,

sou ave migrante sem retorno...

Nada poderei doar ao amor!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 23/03/2017
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