O DESESPERO DA LOUCURA
O DESESPERO DA LOUCURA
O sinal só é percebido quando se está ausente
Sem a noção do tempo, flutua livre no espaço
Em verdade desde sempre ele esteve presente
Agora vem a largo passo, dirigido pelo cansaço
Não havia razão para tremer, bastava combater
A força contida da gente fica marcada na mente
O verdadeiro inimigo resolveu crescer e aparecer
Se fez consciente deixando demente o existente
Vagueia indolente ouvindo o lamento do indigente
Espera calado... depois do zunido, o grito abafado
A dor iminente dá lugar ao alívio da morte doente
Pior do que a morte seria o desespero consumado
Sua conversa é diferente, olha sempre para frente
Não sabe qual é sua verdade, segue sem vontade
Aguarda paciente a chance de voltar serenamente
Vai buscar a felicidade, motivo da intensa saudade
Marco Antônio Abreu Florentino
Inspirado na obra ¨O Desespero Humano¨ do filósofo existencialista dinamarquês Soren Kierkegaard (apesar de não se referir especificamente sobre a loucura).
Com este poema faço uma homenagem a todos os doentes mentais que sofreram e padeceram, até pouco tempo atrás, nas frias, tristes e desconfortáveis enfermarias dos hospícios espalhados pelo mundo antes da grande reforma psiquiátrica. Eram seres humanos cujo único ¨crime¨? foi o de pensar e se comportar diferente do que a sociedade considera(va) normal, seja por etiologia orgânica / bioquímica, seja por causa funcional.
Não incluo neste grupo os psicopatas, personalidades anti sociais que possuem consciência do mal que fazem a terceiros e à sociedade, chegando a sentir prazer nesses atos.
https://youtu.be/gOK1LhhrH7E
(Ballad Of Dwight Fry - Alice Cooper)