Em pulso
Ganhar-te com uma poema
Era tudo o que eu não queria
Se um poema não me ganha
Assim eu te alcançaria?
O que eu faria com teu coração?
Se não sei como conservar
Pra que ia querer em minha mão
Aquilo que não posso segurar?
Não há sorte nesse caso
Ou uma descoberta perfeita
Mas há um belo espetáculo
E na platéia gente satisfeita
Sim, faltam-me alguns pedaços
Um braço ou uma perna talvez
Mas meu coração se mantém intacto
Desnecessário ter dois de uma vez
Coração é pra dar ritmo a vida
Pra saber como se vai dançar
Pra poder ler sua poesia preferida
Pra se perder sem querer achar
E o ritmo enriquece quando há par
De corações compassados
Para isso precisam estar batendo
Cada um no seu corpo apropriado
Pra ser sonho acordado
Pra vida simples fluir
Pra aceitar melhor seu encargo
Sem querer se livrar de si
Meu corpo despedaçado
Eu não sei mais o que é
Nem se mutilado agora tem muitos lados
Ou se ao lado de outro daria pé.