As Árvores Morrem de Pé
Quanta ingratidão
Logo eu que o fiz respirar
Que da luz do Sol me fiz verde
Que abriguei tantos pássaros sem reclamar
Que ouvi seus segredos mais indecentes
Faltou-lhe o coração
Me trocou pelo vazio
Eu que lhe dei sombra em dias quentes
Um bom lugar em dia frio
Fruta madura e mil sementes
Matou-me desde a raiz
Sem nenhum remorso me derrubou
Disse que eu não combinava com o progresso
E que por minha culpa sua calçada se quebrou
Mesmo eu estando ali há quase um século
Nem se quer se despediu
Cortou meu tronco em funeral
Mostrou-se um homem sem fé
Pensou ter me matado em diagonal
Sem saber que as árvores morrem de pé