As Árvores Morrem de Pé

Quanta ingratidão

Logo eu que o fiz respirar

Que da luz do Sol me fiz verde

Que abriguei tantos pássaros sem reclamar

Que ouvi seus segredos mais indecentes

Faltou-lhe o coração

Me trocou pelo vazio

Eu que lhe dei sombra em dias quentes

Um bom lugar em dia frio

Fruta madura e mil sementes

Matou-me desde a raiz

Sem nenhum remorso me derrubou

Disse que eu não combinava com o progresso

E que por minha culpa sua calçada se quebrou

Mesmo eu estando ali há quase um século

Nem se quer se despediu

Cortou meu tronco em funeral

Mostrou-se um homem sem fé

Pensou ter me matado em diagonal

Sem saber que as árvores morrem de pé

Pedro De La Rosa
Enviado por Pedro De La Rosa em 15/03/2017
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