FLOR AO SERENO
Você já se sentiu como uma flor que nasceu na estação errada,
Que desabrochou entre a geada do inverno,
E teve as pétalas queimadas pelo frio,
Que a cada manhã olhava para o horizonte,
E esperava o sol nascer, mas os dias permaneciam cinzas,
Vendo as pétalas dos sonhos caírem todas, reduzindo-se aos espinhos?
Você já se sentou à luz da lua e entregou suas lembranças ao sereno da noite,
E sob o céu com tantas estrelas se sentiu sozinho,
Confessou seus erros e medos ao universo,
Desenhou no chão alguns sonhos, mas ocultou tantos outros por vergonha de contar,
E após não aguentar mais o frio foi em direção a cama,
Regando o travesseiro com as lágrimas até se render ao sono?
Somos a flor que nasceu na estação errada
Mas que em tantos invernos sobreviveu,
Somos o réu sentado à luz da lua,
Confessando detalhes do coração,
Porque não fomos ensinados em tudo acertar,
Mas nas quedas desta vida aprendemos a nos reinventar.
Somos o olhar de quem procura um destino,
Presos no labirinto de nossas almas,
Tentando desvendar os caminhos do próprio coração,
Aqueles que nunca terão asas, mas sonham em voar,
Que nasceram sozinhos, mas anseiam um amor encontrar,
Para um dia sem medo dizer que valeu a pena esperar.