Interrogative
Il tavolo, gli occhiali, carta e penna
ma niente ispirazione.
Dove sorge il poema? Le sue porte
davanti a me si chiudono e io tento
invano di forzarle
e mi ferisco.
Donde viene il poema?
Dall’indissimulàbile dolore
che mi trascino appresso?
Dall’incontro d’amore: la parola
e la copula sempre conviventi?
O da un’intima luce che trapela
da una fenditura
lungo il muro?
Da dove sgorga il sangue del poema,
da un utero o un equivoco,
da una nebulosa casuale
aggregazione?
È un parto – il grido – o un gioco?
Come nasce il poema?
Nasce per gravità,
per vanità, imprudenza, o per un atto
di volontà?
Discende dallo spirito o risale
dalla materia,
rifluisce dal cuore o dalla mente?
É un rifugio sicuro o una finzione?
É progetto, sudore o solo un fiore?
E tutto ciò rimescola e ritrae
la creatura
che s’erge a creatore?
Non so, sono confuso
tra calici svuotati ed ubriaco
di poesia...
E supplico il dio sconosciuto
che dal poema trovi una rispos.
Tradução
INDAGAÇÕES
A prancha, o papel, os óculos, a caneta.
E a inspiração não vem.
Donde surge o poema?
De que portas que se fecham
e que tento arrombar,
ferindo-me nos escombros?
Ah! donde vem o poema?
Da indisfarçável dor que carrego nos ombros?
Do encontro, da cópula,
do amor das palavras,
umas levando a outras em livre contubérnio?
Ou de uma luz interna,
que pinga pelas brechas, pelas trincas do muro?
Donde sangra o poema?
De um equívoco? de um útero?
de algum nebuloso agregado de acasos?
De que nebulosa?
É um parto? um jogo? um grito?
De onde desce o poema?
Nasce por gravidade?
por leviana vaidade?
por ato de vontade?
Desce do espírito? sobe da matéria?
Flui do coração
ou da mente?
É tijolo que se acrescenta
ou mera imitação?
É suor, cálculo ou flora?
É tudo isso em mistura,
retrato da criatura
que em criador se arvora?
Não sei. Só sei que tonta,
perdida em meio às taças,
bebo os álcoois do poema.
E suplico ao Incógnito
que, indagando do poema,
de mim ache a resposta.