Quando saio à rua
Quando saio à rua, tudo me pertence
o prédio e sua nudez de sacada
e o brilho reluzente dos carros de luxo
o fluxo por onde transito
Quando saio à rua, todo silêncio me acolhe
e recebo a unção de um pombo
arrulhando a epifania de meus passos
Toda tragédia me pertence
o silvo gris do vento
o tolhimento, a crista da igreja
Nenhum costume a se individualizar dentro de mim
de fora para dentro
da porta à saída
O poste a adestrar os limites da calçada
onde dormem invisíveis
os donos do chão
Quando saio à rua,
é uma forma de solidão
que não preenche
a hora do retorno
o seu inverso dói sólidos
cubos de água em meu coração