Tiraninha
Nascida linda criança
Posta em trono de conforto
Sem se importar se o papai
Estava infeliz ou morto
O que o pai a proibia
Os avós autorizavam
Comia o que queria
Escolhia, eles compravam
Bem nova esta criancinha
Já aprendia a ser manhosa
Cheia de presentes caros
E de roupas cor-de-rosa
Tudo o que era proibido
Ela abria o berreiro
E os parentes acudiam
E lhe davam o mundo inteiro
E assim quebrava as regras
De comportar-se e dormir
Aprendeu o fingimento
Sem ninguém pra reprimir
Na escola já se viam
Tristes primeiros sinais
Deu um tapa no amiguinho
Foram chamados os pais
Sofrimento mais pungente
Para esta tiraninha
Foi quando perdeu o trono
Para uma nova netinha
Sofreu muito a adolescência
Modas caras a seguir
Foi morar com os avós
Pra não se prostituir
Inconsequente cresceu
Gastando e se endividando
Sem amiga ou professor
Que lhe desse algum comando
Sofreu muito pela vida
Tinha tudo sem esforço
Escondendo-se em seus vícios
Conto isto e não distorço
Sofreu muito e fez sofrer
Aos convivas deste ofídio
Frustrada esta onipotência
Cometeu o suicídio
.....................
A todos avós e pais
Que amam muito e com fervor
Lembrem que um 'não' às vezes
É a maior prova de amor.
"Uma criança mimada será um adulto infeliz" - Leandro Karnal