ESCRITO À MÃO
Despeço-me da razão
com um poema escrito à mão,
frágil, sem músculos, só sensação,
poema que fere a mão que fere,
que acode aos que estão no chão,
poema que verga o aço e tomba a torre,
que busca no escuro a luz da escuridão...
Que o sirvam no café da manhã,
com ovos de galinha e farelo de pão,
poema este que rirá com o que disseres
à guisa de escapar do tom da sofreguidão...
Com ele poderá abater o avião que passa,
plantar sementes de carinho e vontade,
poema este que te oferecerá a graça
de se tornar sagrado à toda verdade...
Quando menos esperares ele andará em teu sonho,
te fará, este poema, conversar com anjos e Deus,
por isso secretamente nele o amor a ti ponho,
para que o ouça basta que o escutes
como faço eu...