Condenado
Pelo caminho,
E à flor da pele,
Crepita, em chamas,
Um corpo maltrapilho.
Confessado e entregue,
Clama por piedade:
Solitária alma em oração.
Num breve instantante,
Cai a pobre podre chuva,
Já fina, suja e ácida,
Em meio à fumaça densa dos motores,
Em combustão.
E a voz lavada,
Ainda que rouca e empoeirada,
Cheirando a óleo queimado,
Outrora conhecida,
Ecoa e passa,
Rasgando o silêncio,
Pelas artérias que pulsam
[descompassadas no peito,
De quem um dia já foi,
Injustamente,
Chamado de irmão.