Quando não tinha celular
Todo mundo adorava descrever o mar.
A galera gostava de reunir p'ra falar,
Os amigos vinham de lá para cá
O samba valia com par, ou, sem par.
Quando não tinha celular...
O amigo do peito estava sempre por lá.
O crime perfeito custava à chegar
O mais louco desejo, não queria passar.
A vaidade aleia não tinha lugar!
O amor na fogueira vivia à queimar.
A paz derradeira cuidava do lar,
O prazer era coisa, do lado de cá.
Porque paramos irmãos?
De sentar nas calçadas e bater um papão
De contar às estórias do bicho papão,
De ouvir às histórias do avô artesão.
Porque deixamos irmãos?
De abraçar um amigo, apertar sua mão,
De beijar a menina e pedir permissão
De ouvir às esquinas, Ipiranga e São João.
O que perdemos então?
A essência da vida, ou, a vida das mãos?
A dor das feridas, ou, a grande explosão?
Onde anda à cura p'ra esse mundão?!