Anarquista, eu?

Não, não foi sem querer.

Saí de casa de preto. Todo preto – roupa e absorção –.

E de cara pra cima, segui em frente a desmascarar o que você deixa latente.

Não, não podemos sermos todos assim. O mundo não comporta muitos de mim.

Um, dois, três são o suficiente por aqui.

Não enfrentei ninguém, minha revolução é existir.

E passo por ruas desertas e entro em shoppings e pego Uber e nada de mal me ocorre. Há uma espécie de deus dos anarquistas que me permite seguir.

Sou surdo, por conseguinte mudo, sou anarquista e só o sou por existir.