Decepções
Os olhos vêem o que queremos
na escuridão ou na luz intensa
as paixões ditam as regras
e temos o reflexo da perfeição
vislumbramos príncipes e heróis
mesmo em farrapos e degenerados
por causa das nossas paixões.
O que era liso torna-se enrugado
ao que era graça perde-se o encanto
ao riso intenso temos o pranto
e gritos de prazer são calados
por soluços fúnebres
enegrece-se o que fora luz
e murcham-se as flores primaveris.
As promessas, os beijos ardentes
o sexo e o desejo voluptuoso
agora é repulsa, veneno e fel
sem olhar de cobiça e sem afeição
os gritos são de raiva da decepção
não era o que se pensava
o príncipe era uma farsa!
A imagem refletida agora é cinza
sem o colorido dos dias bons
a música é uma valsa triste
sem o casalzinho apaixonado
o salão ficou deserto
todos se foram e restou o lenço
jogado ao chão pela dama em fuga.
Fugindo de si mesma
dos sentimentos de morte
que levaram a se entregar
sem analisar as conseqüências
mergulhando em um rio profundo
de águas escuras no silêncio noturno
em busca de alguém desconhecido.
O ideal de virtude da heroina
contrariava ao do cavalheiro
as raízes diferentes se chocavam
Melhor a solidão à desonra!
diz a heroína, desiludida
e parte para o exílio
forçada pela dor das decepções.