HÓSPEDE DE MIM MESMO

Sou Hóspede deste corpo que habito.

Circunscrito nesta situação a que fui inserido, alimento-me de experiências as mais diversas, aguardando a próxima casa a habitar.

Alma aprendiz que se utiliza do instrumento corpo para transitar neste mundo louco que tento decifrar, viaja pelo tempo em um eterno vagar.

Tento antes de tudo, decifrar a mim que borbulho na inquietante quietude de minhas dúvidas sobre o que realmente sou, e que, quem sabe, sobre o que de mim irá restar.

Hóspede de mim mesmo vagueio no corpo que de todo desconheço, já que só consigo vê-lo no reflexo de meu espelho, único ângulo que simploriamente revela parte de mim, sem realmente revelar-me.

Ocasionalmente pude também, observar-me internamente em escuras radiografias que me foram solicitadas para análises clínicas.

Não pude ainda, porém, ver minhas células; minhas ramificações nervosas e nem a massa cinzenta que em mim, insiste em pensar.

Se bem, que "endoscopicamente", tive a oportunidade - algumas vezes - de verificar o interior de meu estômago, coletor e seletor do alimento que me permite aqui estar.

No âmago, desconheço-me muito, tateio-me como se estivesse em um túnel escuro com alguns raros lampejos de resquício do que realmente sou.

Hóspede de mim mesmo procuro-me nos diversos cômodos de minha existência, na incessante busca entre a calma e a turbulência, a qual, esta, move-me em um eterno indagar....

20/05/2016 – 17:34

Ricardo Brown
Enviado por Ricardo Brown em 16/02/2017
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