Hoje é o dia do meu aniversário.
Hoje é meu aniversário.
Entretanto, como poderia ser hoje.
Se o tempo não existe.
Todavia, sou apenas a particularização de átomos estendidos.
Eternamente repetidos.
Até mesmo antes de suas origens.
Quando os átomos eram a negação do princípio da incausalidade.
Diria a anti-origem.
A anti-matéria.
Então hoje eu sou o que sou o que não fui e o que não teria que ser.
Hoje é o meu aniversario.
Porém, como poderia ser.
Se hoje é apenas a continuidade do primeiro instante.
Quando ainda não tinha existência.
O ser hoje é a ficção daquele momento.
Incompreensível.
Muito distante da cognição.
Não obstante, a única realidade.
Sou sua continuidade em decadência.
Do mesmo modo, sua florescência.
Hoje é o meu aniversário.
Todavia, não é possível compreender a geometria do tempo.
A evolução sintética do ser.
Desde o nascimento da primeira partícula.
Quando antes era o vazio.
Preso a realidade do infinito.
Determinado como vácuo.
Com efeito, hoje sou a representação do vazio.
Aqui estou na interpretação do nada.
Hoje é o meu aniversario.
A vontade do desejo.
Portanto, é fundamental entender o dia de hoje.
Muito distante é a fantasia da imaginação.
Hoje é o tempo eterno.
De um sonho parcializado.
Que reinicia nele mesmo.
Em sua idiossincrasia imponderada.
Hoje é a sintetização da superação dos elos em átomos.
Eu sou um deles.
Como reflexo da continuidade indelével.
Seja qual for à forma.
Desse modo, hoje é a repetição do começo.
De outros instantes perdidos.
Trilhões de trilhões, a eternidade das eliminações.
As passagens incompreensíveis.
As ressurreições das cinzas.
Sendo assim, hoje é o dia das comemorações.
Sou vossas continuidades.
O milagre da vida.
A sua não terminabilidade.
Mesmo sendo ou não sendo.
Hoje é o dia fantasmagórico.
Do entendimento da vida.
Inexistente.
Edjar Dias de Vasconcelos.