DESEMPREGADO

E agora, desempregado?

O salário acabou,

a conta de luz chegou,

os parentes sumiram,

o dia ferveu,

e agora, desempregado?

E agora, você?

Você que é Silva,

dos outros é zombado,

você que faz verso,

que ama, protesta,

e agora, desempregado?

A mulher foi embora,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode comer,

já não pode escapar,

chorar já não pode,

o dia ferveu,

o ônibus queimaram,

o riso não veio,

não comprou a pia,

e tudo acabou,

as compras acabaram,

e tudo fugiu,

e tudo mofou,

e agora, desempregado?

E agora, desempregado?

Sua amarga palavra,

seu instante de febre,

as agências não chamam,

você compra jornal,

não acha emprego.

Com a carteira na mão,

quer abrir a porta,

não existe porta,

quer morrer no mar,

mas o mar não esta pra peixe,

quer ir para E.U.A,

mas não tem passaporte,

desempregado, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

o hino nacional,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você vivesse,

E agora, desempregado?

Sua amarga palavra,

seu instante de febre,

as agências não chamam,

você compra jornal,

não acha emprego.

Com a carteira na mão,

quer abrir a porta,

não existe porta,

quer morrer no mar,

mas no mar tem Lula,

quer ir para E.U.A,

mas não tem passaporte,

desempregado, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

o hino nacional,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você vivesse,

mas você não vive,

você é duro, pobre, desempregado!

Sozinho no escuro,

qual chupa cabra,

sem pedagogia,

só dispensa nua

para se abrigar,

sem bolsa família,

correndo a galope,

você marcha, desempregado?

Desempregado, para onde?

CARLOS HENRIQUE MATTOS
Enviado por CARLOS HENRIQUE MATTOS em 26/01/2017
Código do texto: T5893849
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