Amor em Ação

O ar quente de um hálito faminto,

Embaça a vitrine da confeitaria,

Os olhos vidrados por instinto,

Naquela manhã de inverno tão fria,

Um menino sem esperança,

Um órfão desconhecido,

Andrajosa e pobre criança,

Alma e corpo desnutrido.

As mãos geladas buscando aquecer,

Mas a fome do pequeno moribundo

Não o permitia se mover.

Do outro lado da espessa vidraça

O confeiteiro arrumava umas rosquinhas.

O vidro embaçado pela fumaça,

No menino, um só pensamento:

Quão deliciosas, estão quentinhas!

Salivava um sabor quase esquecido.

Por ali passava um soldado bem vestido,

Vendo o menino de olhos vidrados,

O soldado pergunta: filho, você quer comer?

Ao sentir a presença do homem fardado

Assustado o menino quase não pôde crer...

O homem comprou uma dúzia de rosquinhas

E as entregou ali onde o menino se encontrava

E se foi o deixando com um gesto de adeus,

Sob a neblina gelada da manhã londrina,

Mas antes o menino puxa a farda do soldado

E pergunta baixinho, meio encabulado:

Moço, você é Deus?

Este poema foi inspirado no livro de Alice Gray, Histórias para o coração.

Um fato verídico, acontecido em Londres no fim da segunda guerra mundial.

Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 23/01/2017
Reeditado em 23/01/2017
Código do texto: T5889993
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