Becos sem saída
Somos todos becos
Presos no nosso próprio desejo
No nosso próprio umbigo
No nosso próprio destino
Somos as almas dos becos insólitos
Perdidas e desvairadas
Discriminadas e amordaçadas
Abandonadas e forçadas
A viverem à mercê da guerra
Pelo sistema que nos trai.
Somos todos becos
Becos em desarmonia
Becos corrompidos
Pelas brechas encontradas
No obscuro da noite
Somos becos refugiados
Onde na luz se vomita
Toda a embriaguez maldita
E não ouve quem grita
Por ter perdido a sensatez
Somos becos do discurso
Do criado e do mudo
Da secretária eletrônica
Que nos diz o que fazer
Do absurdo que convence
Da mídia que infelizmente
Nos faz refém do ambiente
Somos becos da solidão
À procura de abraço
Com medo do fracasso
Fugindo da escuridão
Somos os becos pinchados
Intoxicados pelo caos da lama
Deixados em Mariana
Pelo vermelho do sangue
Da vida humana.
Somos becos com medo
De descobrirem nossos segredos
Que não temos pudores
Quando se trata de amores
Somos todos becos!
Claudeth S. Oliveira