Adiante
Da vida, eu prefiro as pausas
O momento sublime, do não
A vaidade que alimenta o sim
Nunca foram opções para mim
Eu não sou dada a emoções rasas
A euforia, condição minha
É também minha cova e loucura
Euforia é vício,
É resquício de nada
Que não dura tempo suficiente para ficar
O mundo é um lugar do avesso
O meu mundo é avesso do avesso
Costumo pensar que nasci ao contrário
E a contramão é o meu lugar certo no mundo
Minhas pausas,
São as preces que faço a esmo no escuro
Minhas preces,
São as palavras que não digo quando fico mudo
Minha conduta está no olhar
E as janelas da minha alma não se fecham
Eu sou
O que sou e aceito isso
E me dou o direito do silêncio
E da ausência
Porque da vida, eu busco as pausas
Admirando-as como flores prestes a nascer
Recolho-me a ínfima parte de mim
Que não sucumbi
Que segue atenta
E não espero próximos passos
Minha trilha eu mesmo faço
Charlene Angelim