ÂMBAR

Sumo

É o que escorre

Não do fruto desde sempre mordido,

Mas do pensamento raras vezes moído

Por ser rala a coragem.

Líquida, a vida escorre,

Represado rio entre represas

De tempo e sentimento.

Fio de água e sal.

O fluir sem fruição.

O amar – o gosto

Do que é mais sumo

(E nele, a verdade)

que seiva doce

(o suco do beijo)

Com sabor de não saber

O que é o amor

Em seu curso.

Mas o amargo fica

A travar a face,

E se multiplica

No sumo,

Que vira âmbar,

Uma gema a guardar,

Em essência,

Dentro do ocre,

O que foi amor

E que não some.