QUINHÃO
Só pode ser meu
O que não ca
be em minhas mãos.
O resto é para eles,
Encadeados, estirando os braços,
Os prisioneiros de si
Inconscientes,
Sem ultrapassar
As grades das celas do seu
Ego-ísmo.
Paralelas horizontais no vazio,
Os braços estirados querendo rapinar
Do ouro, dos títulos, das mesuras
Todas as migalhas
Para encher o bolsão
Sem fundo
Da vaidade vã.
Os prisioneiros,
Eles só têm mãos de agarrar.
Têm o rosto prensado contra as barras
Os prisioneiros.
Mas eu estendo meus olhos
E venço meus muros...
Sem quando, sem fronteira,
Sine qua non,
Existo para
A l é m
De mim
E alcanço o que não será
Nem fora nunca
Além do que sempre é.
Esta, a minha fortuna,
Ser livre e longe
E sem mais,
Como nunca lhes aprouve,
Aos prisioneiros,
Jamais.