LIQUIDEZ MODERNA
Sobrou espanto. Que tanto!
Faltou verdade. Que barbaridade!
A descrença no mundo do mundo
E o descaso para o saber profundo
Gerou calamidade.
Para alívio e convívio
Os boêmios falam das mulheres.
As donas de casa, das colheres.
Os poetas, das paixões.
Os homens, das construções
(E os guris, do futebol).
Algumas, de seus lençóis
Lavados ou amassados.
Alguns, de seus medos:
Podem perder os dedos
Ou até algo mais.
Daí vem os carnavais,
Fantasias colossais
E um pouco de alegria.
Verão pede água fria
E inverno, uma fogueira.
Paixão verdadeira?
Efêmeras como são
Não chegam a eternas;
Na liquidez moderna
É o que se confia.
E mais alegria?
Nos nascimentos;
Nos acontecimentos;
E talvez, talvez...
No dia a dia.