CALDEIRÃO DE PALAVRAS
Quanto mais encontro menos procuro,
quanto mais o tempo passa menos duro,
assim vivo cada instante como fosse eternidade,
demoro no prazer, menos na dor, mais na felicidade...
Em cada porta que bato menos se abrem,
quanto mais toco a madeira mais selvagem
meu coração vai ficando, de dentes afiados,
amar é ferver o sangue sem pudores, sem pecados...
Rimo flecha com coração,
pão macio mergulho no vinho,
me lembro de São Sebastião
flechado, de Santo Agostinho...
Quanto mais palavras ponho no caldeirão do viver,
mais faço o tempero desta vida soltar sua fumaça,
quanto mais no que não vale a pena deixo de crer
mais sou caçador e a muito tempo não ser caça...
Rimo sonho com armadilha,
pétalas de luz com ciência,
nau desvairada, estou na quilha,
murmuro Divina Providência...