O baile

Meu amor

Nossos corpos dançam

Mas as almas se ausentaram

Em despeito à partitura

O Amor, coisa em si

Bailando a sós, em escala menor melódica

Não preenche o vazio do salão

Não desfaz a ausência

De um Ser n'Outro

Meu querido

O doce desses lábios voluptuosos

Que em ardência se tocam

E se confundem em rubra comunhão orgânica

O translúcido ensejar

Fecundado pelas promessas e esboços

Que idealizam um porvir quimérico

E terno e lírico

Não orquestram

Com maestria e faculdade

A dissolução da ausência de nós

Em Nós

Portanto, meu amor

Tomo para uma dança a falta

E, finda a música e o tinir dos saltos

E o bailar das cortinas

E o oscilar do maestro inebriado

Em vestes gravadas

Pela peremptoriedade,

Por completo me despeço

Do salão.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 07/01/2017
Código do texto: T5874478
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.