O andejar do tempo
Ouço o sussurro do tempo
Quando vejo paredes antigas
Velhas, descascadas
Ouço o sussurro do tempo
Quando as plantas ocupam
terrenos baldios
prédios abandonados
Ruínas, memórias do que passou
Ouço o sussurro do tempo
Quando vejo Zélia e Amado
Inertes contemplando o Rio Vermelho
Ouço o sussurro do tempo
Quando danço ciranda, escuto cantigas
e histórias antigas
Ouço o sussurro do tempo
Quando vejo crianças brincando de amarelinha,
pulando corda e jogando gude com os amigos
Ouço o sussurro do tempo
quando chove, quando faz sol
E quando o vento dança com as folhas secas
Derramadas no chão
Assim, eu sinto o movimento da vida
Como quem sussurra poesia
no ouvido do Tempo
Para inspirar, encantar
Driblar os mistérios, os labirintos
Que marcam o andejar do tempo...