Meia idade (Eclética 06.01.17)
Meia idade (Eclética 06.01.17)
Já naveguei por muitos mares, e tal como navio cheio de gente e bagagens, ocorria-me, às vezes, ser apenas eu e "minhas viagens". Outrora, já fui rosa encarnada, onde os meus espinhos testemunhavam dissabores da minha caminhada. Contudo, não maiores que o meu desejo em destilar por entre pétalas a fragrância do verbo amar!
Também já fui um peixe, que por centenas de vezes, saltei imensamente alto a fim de que por algum encanto eu pudesse, em deleite, as estrelas do céu alcançar!
E, hoje, na calmaria da meia idade, reconstruo novos sonhos, abstraio devaneios, que se perderam sem receio, neste tempo em que vivemos sem muito zelo, não havendo lugar para eles literalmente poderem se aconchegar. Mas prossigo sem o peso das "bagagens", destilando a delicadeza da minh'alma e, saltando em meio a constelação, furtando uma das estrelas em minha visão, tão fulgurante a fim de entregar-te com amor em tuas mãos.