NÃO CREIO EM NADA

Solto como ventania,

Espalhando como fogo em palha,

Essa agulha de veneno quente,

Fura gente desatenta e desavisada,

Descartam perolas nos lixos,

Trocam ouro por taças furadas,

Futilidades em fotografias,

E a compaixão fora esvaziada.

Não me diga nada,

Não diga que ama,

São apenas zombarias,

Palavras rasas, inverdades,

Não me estenda à mão,

Se não for segura-la,

Este mal é teu ato natural,

Como instinto em animal.

Talvez não precise muito além de habilidades,

Quando estar disposto basta para se valer.

Como o mar recolhe as conchas,

Não se pode pensar ao contrário,

Se a fala for insustentável,

É sábio aquele que se cala.

Eu não creio em nada,

Não conheço falsos amores,

São tão claras zombarias,

Palavras rasas, inverdades,

Ilusão a mão que está estendida,

E não sabe segurar,

Machucar não é natural,

Atitude tola e irracional.

Talvez não precise muito além de habilidades,

Quando estar disposto basta para se valer.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 04/01/2017
Código do texto: T5872273
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