O OCASO DO REI
Ele foge, dissimula, espertamente, pouco fala
Duvidam uns, outros defendem sua inocência
Quanta simpatia ainda enseja?
Seus discípulos aguardam por um álibi
Um tiro nos seus cruéis difamadores,
Um dardo veloz estourando a cereja
Mas o coro da turba não aplaca, pedem justiça
Se iram, acusam-no de hipócrita, fingido, ladrão
Querem sua cabeça, exposta numa bandeja
Seus fiéis defensores já parecem receosos
Peroram que atacam a pessoa, não os argumentos,
Sabem que pior ódio é o que diariamente goteja!
Por outro lado, a justiça, junta peças, boxeia
Solta seus jabs certeiros, para lhe minar a força
Ele tem pouca defesa, é dura a sua peleja
O clamor, não cessa, o indispõe com o mundo
Vira réu em um julgamento, especulam seu futuro,
Sua aura se corrói, cai num poço profundo
A entourage arrefecida tem uma dúvida no ouvido
Envergou sua confiança, a reprovação pública,
Que fazer? Salvar o homem ou salvar o partido?
A força da justiça, as evidências, selam sua culpa
O nó cerra o gargalo, um rei no chão, em desespero grita:
Meu reino, meu reino, por um cavalo!