O OCASO DO REI

Ele foge, dissimula, espertamente, pouco fala

Duvidam uns, outros defendem sua inocência

Quanta simpatia ainda enseja?

Seus discípulos aguardam por um álibi

Um tiro nos seus cruéis difamadores,

Um dardo veloz estourando a cereja

Mas o coro da turba não aplaca, pedem justiça

Se iram, acusam-no de hipócrita, fingido, ladrão

Querem sua cabeça, exposta numa bandeja

Seus fiéis defensores já parecem receosos

Peroram que atacam a pessoa, não os argumentos,

Sabem que pior ódio é o que diariamente goteja!

Por outro lado, a justiça, junta peças, boxeia

Solta seus jabs certeiros, para lhe minar a força

Ele tem pouca defesa, é dura a sua peleja

O clamor, não cessa, o indispõe com o mundo

Vira réu em um julgamento, especulam seu futuro,

Sua aura se corrói, cai num poço profundo

A entourage arrefecida tem uma dúvida no ouvido

Envergou sua confiança, a reprovação pública,

Que fazer? Salvar o homem ou salvar o partido?

A força da justiça, as evidências, selam sua culpa

O nó cerra o gargalo, um rei no chão, em desespero grita:

Meu reino, meu reino, por um cavalo!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 03/01/2017
Reeditado em 05/02/2017
Código do texto: T5871245
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