Escravidão
Nasci na cenzala
Chibatadas no lombo levava...
Cresci sem voz e nem vez
Nasci pra servir aos meus senhores!
Para o trabalho fui educada
E aprendi o ofício muito cedo...
Escrava de pele cor de caramelo,
Cabelos duros como arame
vestido de chita singelo
Cabresto tive que usar
Pra do objetivo não desviar.
Olhar perdido no horizonte
Cabeça sempre baixa
pra não mostrar o semblante ...
A tristeza tatuou-Se nos olhos,
Na boca mordaças de ferro
Pra não sofrer os açoites!
O choro muitas vezes engolido
São lágrimas no coração contidas
Que perdeu-Se no vento
Mas, nunca saiu do pensamento...
Foram lágrimas choradas
Sem ser derramadas
Que continua roendo por dentro.
Sonhei com uma tal liberdade
Que nunca sequer alcancei,
No mercado fui comprada
Mas, só de dono troquei...
Em meu Castelo de sonho
Permaneci trancada,
Tendo a amargura e a dor
Por companheiras.
Um dia a muralha foi derrubada
E a tal liberdade?...
Não sei pra que serve
Se minhas asas foram quebradas...
Léo Lima