NATANAEL
Entre dores, gemidos, numa maternidade,
De pobre mãe, apenas quatorze anos de idade,
Nasce ser prematuro, num fremente escarcéu
Chora ao sentir separar-se, cordão umbilical
Por ser dia vinte e quatro, véspera de Natal
Recebe então por nome, o de Natanael.
Mãe e pai solteiros, ainda adolescentes
Por isso está ali, na sala de indigentes
Pequeno Natanael, que acaba de nascer
Brilho de luzes lá fora, aqui dentro tá escuro
Que dirá a sorte, qual será o futuro
Da pobre infeliz criança, se conseguir crescer?
Será menino de rua, ou será um doutor?
Que lhe reserva a sorte, responda meu Senhor
Se hoje é Natal, diga então papai Noel!
Neste leito do SUS, feito de dor e pobreza
Enquanto tantos outros se esbanjam na riqueza
Que reservará o futuro, para Natanael?
Assim como Natanael, milhares também existem
Em leitos pobres sofrem, mas mesmo assim resistem
Morando em ruas, favelas, viadutos – realidade brutal
Não resta outra esperança, a não ser olhar pro céu
E indagar da mesma forma, como faz Natanael
Quando será que também teremos um Feliz Natal?
Ignácio Santos