ESTÉRIL

Dono de tesouros, arcas cheias de ouro,

Mas à noite gritos de desespero,

Nada preenchia sua solidão,

Estava perdido no caminho que desenhou.

Comprava o mundo enquanto perdia a paz,

Nada cabia em seu coração apodrecido,

E o bicho não morria nas dores de sua lembrança,

O tempo escorria feito enxurrada.

O vazio inflava, era o peso do nada,

Quantos passos ainda restavam até o sepulcro?

Em um jardim de flores cinza,

Onde o sol sem aquecer queimava.

Ele matou todos os seus demônios,

Mas ainda era o mesmo em frente ao espelho,

E com fichas ilimitadas jogava um jogo estéril,

Onde a sorte não coroava o amor.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 21/12/2016
Código do texto: T5859810
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